22 de dezembro de 2020

“Frankenstein Fuel”: um enorme perigo para o planeta

Descobriu-se que o novo combustível dito “limpo” e introduzido este ano nos maiores navios do mundo contém sérias falhas.

Atualmente, está a ser usado por mais de 70% dos principais navios do mundo. Este novo tipo de combustível é responsável por causar graves falhas mecânicas nos motores – falhas essas que provocam desastres marítimos de enorme impacto ambiental – sendo mais poluente do que os combustíveis usados, ​​anteriormente, pelos navios.

Uma série alarmante de relatórios ultrassecretos da indústria está a pintar um quadro perigoso de um novo combustível (chamado Óleo Combustível de Muito Baixo Teor de Enxofre ou VLSFO) tendo sido introduzido nos tanques de combustível da navegação global, sem testes de segurança suficientes, treino de tripulações ou supervisão regulatória.

Os grupos ambientalistas estão tão preocupados com o combustível e de como ele é fabricado que se referem a ele como um “Combustível Frankenstein” superpoluente.

Ainda mais preocupante é o fato de que nenhuma autoridade pública relevante na indústria ter realizado uma avaliação abrangente deste novo tipo de combustível marítimo antes de ser introduzido no mercado, o que significa que os governos confiaram na indústria naval a identificação e regulação dos próprios riscos.

Vários especialistas marítimos acreditam, agora, que o VLSFO é o fator responsável pelo encalhe do navio graneleiro japonês “Wakashio”, em julho nos recifes de coral da ilha de Maurícia, no Oceano Índico.

Uma investigação especial de quatro meses publicada na Forbes, em parceria com várias organizações internacionais, principais especialistas marítimos e denunciantes da indústria de todo o mundo, revelou a história de como este óleo foi introduzido sem os testes de segurança adequados.

O artigo é chamado de “SoF of Shipping-Gate: How The Global Ship Fuel Scandal” e está disponível no link indicado no final

O VLSFO, que representa um risco desproporcionado para o transporte marítimo global e as costas em todo o mundo, foi aprovado para utilização no ano passado pela Organização Marítima Internacional, a agência de navegação da ONU responsável pelo transporte marítimo global. Foi acelerado com base num cronograma de orientação política e artificialmente restrito, sem os testes de segurança adequados. A intenção era dar a impressão de que o transporte marítimo global era uma indústria limpa, antes de importantes negociações climáticas planeadas para 2020, imediatamente antes do COVID-19 chegar.

O problema é que o VLSFO não é, na realidade, um verdadeiro combustível. É uma mescla de produtos químicos tão ampla, variável e volátil que até surpreende que tenha sido rotulada como um tipo de combustível.

O VLSFO tem vindo a causar sérias falhas aos motores dos navios oceânicos e aumentou significativamente de encalhes de navios em todo o mundo, com o risco de derrames de óleo. As tripulações e os litorais correm o risco de os navios perderem repentinamente a potência do motor e encalharem em terra. Os alertas de qualidade sobre os combustíveis dos navios aumentaram mais de 100% em comparação com o mesmo período do ano passado devido à introdução deste combustível.

O estudo publicado na Forbes, deixa claro como as propriedades deste novo tipo de combustível podem levar a falhas catastróficas nos navios, tornando-os particularmente perigosos desde o início deste ano.

Artigo de investigação 


 

 

2 comentários:

  1. Eventualmente o VLSFO poderá ser a "final cause" do encalhe do Wakashio, não quero pôr isso minimamente em causa. Mas também se sabe que o navio 48 horas antes do acidente alterou o seu "passage plan" e, em vez de passar a 25 milhas da costa, traçou rumo para passar apenas a 5 milhas, o que voltou a ser alterado no próprio dia para 2 milhas da costa. Estas poderão ser as "root causes" do encalhe.

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    1. É claro que sim. No entanto, como se sabe, um acidente é o resultado de uma série de erros e mal entendidos que, somados, levam ao resultado final. O que os técnicos já conseguiram definir foi que o combustível usado pelo navio e espalhado no ambiente é uma intrincada e tóxica mescla de produtos residuais, não só de óleo, mas com muito químico à mistura...

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