Não raramente se houve falar
que o navio “A” ou “B” perdeu contentores durante um a travessia marítima,
dando-se como justificação o mau tempo. Para o mais desavisado soa a desculpa
esfarrapada. Aliás é célebre a máxima dos marinheiros que nos avisa de que “quem
vai para o mar, avia-se em terra”, ou seja, a causa “só poderá ter sido” a má
peação…
O balanço lateral (transversal
ou rolo – rolling) e o balanço proa/popa
(longitudinal ou caturramento – pitching)
são o dia-a-dia em todo o navio em mar aberto. Então, se o rolo é um fenómeno que
ocorre durante o movimento normal de qualquer navio, no que o rolo paramétrico
é assim tão diferente?
A diferença é que o “Parametric Rolling” é um tipo de
movimento apenas experimentado por navios porta-contentores. Mas, então,
porquê?
O tamanho dos navios
porta-contentores tem vindo a aumentar drasticamente, com as empresas interessadas
porem navios monstruosos que lhes permitam economias de escala; por ex. os
navios Triple-E da Maersk. Estes novos e grandes navios de contentores que
chegam ao mercado, têm um grande ângulo de proa e uma boca muito larga para
diminuir a resistência ao atrito que é gerada quando a extremidade dianteira do
navio passa pela água, tornando o casco mais hidrodinâmico.
À medida que as cristas das
ondas percorrem o casco, isso resulta em imersão diferenciada ao longo do
costado, com a proa a subir e a descer. A combinação de sucessivas condições de
flutuabilidade (o navio está sempre a subir e descer, diminuindo e aumentando a
área imersa) e das forças de excitação das ondas que empurram o navio de um lado
para o outro, faz variar o braço de estabilidade (GM).
Estamos na presença de rolamento
paramétrico quando ocorre condição repetida da proa a descer de forma sincronizada
com forte balanço transversal, em ciclos ondulatórios sucessivos.
Por outras palavras, é um
tipo especial de balanço, experimentado quando o período de tempo do encontro da
proa com a próxima crista (Te) se torna igual (ou quase igual) ao período de
tempo do rolo (Tr) do navio – [Te = Tr]. Este fenómeno apenas ocorre quando o
mar está no sentido proa / popa, ou muito próximo dessa condição.
Esta situação faz com que o
navio role num ângulo que aumenta, sucessivamente, até que os valores de GZ
sejam suficientes para o amortecer. No entanto, antes que ocorra o
amortecimento, o navio pode atingir o ângulo de alagamento ou emborcamento.
Quando sucede, todo o
sistema estrutural do navio/carga é abalado. É o tipo de efeito experimentado
na montanha russa, quando o carro curva e baixa, abruptamente.
Efeitos do rolo paramétrico
- Fortes tensões na estrutura do navio, especialmente nas partes dianteira e traseira,
- Tensões extremas nos contentores e no seu sistema de fixação, resultando em falha do mesmo e até mesmo perda de contentores,
- Desagradável para a tripulação do navio
- Variação na carga do motor e veio do navio, prejudicando a propulsão e governo,
- Se não for resolvido rapidamente, poderá resultar em emborcamento do navio (perda de estabilidade).
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