A Cosco, da China, receberá
nos próximos dois anos uma série de novas construções correspondentes ao
tamanho de uma empresa de transporte de médio / grande porte. Isso poderá
forçar a Maersk a alterar sua decisão de não construir novos navios, diz o analista-chefe
da Alphaliner, Tan Hua Joo. As suas expectativas para o que resta de 2018 e
para 2019 estão longe de ser optimistas.
A Cosco Shipping é a
transportadora com a maior carteira de encomendas do sector, tendo vindo a
adiar a entrega de 10 mega-navios para 2019. Mas, com tantos navios a chegarem
ao mercado este ano, o difícil será não afectar a capacidade de oferta da
frota, ainda de acordo com o analista da indústria.
Mesmo com os diferimentos, a
capacidade total de novos contentores a serem entregues em 2018 chegará a cerca
de 1,3 milhão de TEUs, de acordo com o IHS Markit. Aproximadamente 30% desta
nova capacidade será de mega navios de 18.000 a 25.000 TEUs. Além dos 10 navios
da Cosco, seis dos quais parecem ser da faixa de 19.000 a 21.000 TEU, a Yang
Ming também atrasou a entrega de três navios de 14.000 TEUs previstos para
2018. O volume total de TEUs que a Cosco atrasou a entrega é de 166.576, de
acordo com dados da IHS Markit.
A capacidade de oferta de slots
é algo a que os expedidores prestam muita atenção, já que o equilíbrio entre
oferta e a procura tem impacto directo nos níveis da taxa de frete. A enorme
capacidade que está prevista entrar em operação este ano deve ficar acima da procura,
o que limitará a capacidade das linhas de aumentar as taxas de frete do transporte.
Dados da IHS Markit mostram
que o crescimento do volume de procura por transporte de contentores na rota
Ásia/Norte da Europa e Mediterrâneo se situará, em 2018, entre os 4,5 a 4,9%, em
relação a 2017. No entanto, a frota global de porta-contentores está a crescer muito
mais rapidamente, apesar do aumento das unidades enviadas para demolição e do
facto de um quarto da capacidade em construção se encontra com a entrega atrasada.
Segundo apontam os dados do
IHS Markit sobre a carteira de encomendas de porta-contentores, os adiamentos e
a capacidade que vem sendo desmantelada revelam que a Cosco Shipping tem um
total de 27 navios encomendados com entregas entre Janeiro de 2018 e Dezembro
de 2019. Desses navios, 17 estão na classe dos 20.000/21.000 TEUs e estão
destinados à rota comercial Ásia-Europa. Entretanto, a OOCL, que está em
processo de aquisição por parte da Cosco, tem apenas um navio da mesma classe (21.000
TEUs) para ser entregue, tendo recebido cinco desses navios em 2017.
O desequilíbrio persistente na oferta e na procura está a afectar as
taxas de frete, com valores um pouco abaixo os níveis estabelecidos em 2017,
num momento em que a pressão do aumentos dos custos operacionais – em especial
os custos com combustível – estão a provocar graves dificuldades às operadoras,
acreditando-se na possibilidade destas voltarem ao vermelho nas suas contas.Fonte
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