11 de junho de 2020

Mega arrastões 'ignoram' zonas marítimas protegidas do Reino Unido

Os mega navios passaram quase 3.000 horas a pescar nas áreas marinhas protegidas do Reino Unido durante o ano de 2019, fazendo "tábua rasa da palavra "protegido"", segundo os ativistas da Greenpeace.

São considerados mega arrastões todos aqueles que, com mais de 100 metros de comprimento, podem capturar centenas de toneladas de peixe todos os dias, usando redes de até uma milha de comprimento. Uma investigação do Greenpeace identificou 25 mega arrastões, que incluíam os quatro maiores do mundo, e que pescavam em 39 diferentes áreas protegidas marinhas (AMPs).

O MPA da parte sul do Mar do Norte foi um dos invadidos, ele que foi criado para proteger os botos, uma espécie especialmente ameaçada pelos mega arrastões. Mais de 1.000 botos morreram em redes de pesca no Reino Unido, durante 2019. O MPA mais pescado foi o Wyville Thomson Ridge, perto de Shetland, destinado à protecção de recifes. E, por mais estranho que possa parecer, toda essa pesca era legal.

Quarenta por cento dos mares da Inglaterra são designados como AMPs, mas neles apenas se proíbem algumas das atividades mais prejudiciais e, apenas, em alguns locais. No início de Junho, um estudo independente encomendado pelo governo pediu o estabelecimento de áreas marinhas altamente protegidas (HPMAs), onde todas as atividades prejudiciais, incluindo pesca, dragagem e construção, sejam proibidas. A avaliação do próprio governo em 2019 assumiu que o ambiente marinho está longe de ser saudável.

O professor Callum Roberts, da Universidade de York, membro do painel de revisão do HPMA, disse: “A análise da Greenpeace foi oportuna e importante. Ela destacou o abismo que existe entre o que as pessoas imaginam o que seja um MPA, para a protecção da natureza e da vida selvagem, e a realidade da exploração industrial contínua, com poucas evidências de restrição ou supervisão.

"Não podemos permitir os AMPs abertos a alguns dos métodos de pesca mais vorazes e destrutivos do mundo. É por isso que a revisão da legislação [HPMA] é tão importante. Se quisermos resgatar as águas britânicas de dois séculos de sobrepesca e pesca destrutiva, precisaremos lançar as HPMAs de forma ampla e rápida.”

O Greenpeace usou dados de rastreamento da Lloyd's List para demonstrar que os arrastões de mais de 100 metros passaram 2.963 horas pescando nas AMPs do Reino Unido em 2019. Nenhum dos 25 mega arrastões é de propriedade britânica, sendo 15 de propriedade russa, nove holandesa e um polaco.

Simultaneamente, mais de 50 cientistas assinaram uma carta à Comissão Europeia, ao parlamento europeu e aos estados membros pedindo o fim da sobrepesca. No âmbito da reforma da política comum das pescas, as quotas de pesca em 2020 deveriam estar alinhadas com o rendimento máximo sustentável, determinado por pareceres científicos. No entanto, a pesca excessiva além do que os cientistas consideram níveis seguros continuou e parece continuar nos próximos anos, à medida que o Reino Unido e a UE disputam a pesca como parte das negociações do Brexit.

Os cientistas alertaram que a pesca excessiva prejudica, seriamente, as populações de peixes e impedirá a sua recuperação.

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