17 de outubro de 2022

Mergulhar mais fundo, que nunca, nos oceanos de todo o mundo

Parece subir fumo escuro de formações únicas e semelhantes a chaminés das fontes hidrotermais mais profundas e mais quentes conhecidas do nosso planeta. Durante o verão, Anna Michel pôde vê-las, pessoalmente – alguns quilómetros abaixo da superfície do oceano. Michel, uma cientista associada da Instituição Oceanográfica Woods Hole, era uma, de três membros, de uma tripulação do Alvin, o submersível, quando este mergulhou até alcançar o Mid-Cayman Rise.

Conhecido como o Campo de Ventilação Hidrotermal de Beebe, os respiradouros existem no fundo do oceano, onde as duas placas tectônicas se separam quase meia polegada todos os anos em direção ao sul das Ilhas Cayman.

As fontes hidrotermais desenvolvem-se onde o magma, sob o fundo do mar, se transforma em cadeias de montanhas submarinas, conhecidas como cordilheiras oceânicas.

A água do mar fria penetra, gradualmente, pelas rachaduras do fundo do mar e é aquecida a 750 graus Fahrenheit, quando entra em contato com as rochas aquecidas pelo magma. Essa interação liberta minerais e nutrientes, que levam à formação do ecossistema perfeito para a vida marinha que os cerca.

Alvin atua há 58 anos. Ele terá atingido a profundidade de cerca de 6.453 metros, em julho de 2022, na Fossa de Porto Rico, que fica ao norte de San Juan, em Porto Rico. Em várias excursões, Alvin viajou cerca de 6.200 a 6.500 metros abaixo da superfície do oceano para atender aos requisitos, anteriormente, estabelecidos pelo Naval Sea Systems Command e pela Marinha dos EUA.

A nova faixa indica que quase 99% do fundo do mar está agora ao alcance do Alvin e de dois passageiros e respetivo piloto. Para Alvin, é o terceiro incremento de profundidade desde que o submersível foi comissionado pela primeira vez, segundo Andrew Bowen, o principal engenheiro associado à Applied Ocean Physics and Engineering da Woods Hole Oceanographic Institution.

Michel trabalhou de perto com veículos subaquáticos, operados remotamente, cerca de 20 anos, mas o verão de 2022 foi sua primeira vez como passageira do Alvin.

No entanto, apesar da natureza fechada do submarino, Michel nunca se sentiu desconfortável ou claustrofóbica uma única vez. Em vez disso, ela disse que quase parecia que estava num elevador, e que a expedição de oito horas tinha passado a voar.

Os cientistas terão, agora, acesso às zonas mais profundas dos vastos oceanos, explorando zonas que os humanos nunca conseguiram alcançar antes. Os pesquisadores esperam encontrar novas espécies e estudar os fundamentos da vida. No verão, Michel e um geofísico chamado Adam Soule, professor de oceanografia, lideraram cinco mergulhos científicos para a Expedição de Verificação Científica do Alvin, viajando para as Ilhas Cayman e Porto Rico.

Formam-se, na Fossa de Porto Rico, vários penhascos subaquáticos à medida que as placas tectónicas do Caribe e da América do Norte colidem entre si. Aqui, a equipa especializada recolheu amostras de crosta oceânica e alguns dos tipos de organismos mais profundos do fundo do mar.

Na pesquisa do Mid-Cayman Rise, os pesquisadores recolheram amostras químicas e biológicas das fontes hidrotermais.

Antes, o Alvin só conseguia descer até os 4.500 metros. A nova façanha só foi possível após 18 meses de revisão do submersível de 20 toneladas. As atualizações da Alvin incluem um sistema de imagem 4K, um braço manipulador hidráulico de última geração, propulsores mais avançados, novos controladores de motor e um sistema integrado de controlo e comando.

O Alvin terá contribuído para várias descobertas, incluindo a de naufrágios e a ciência oceânica. O veículo operado por humanos transportou mais de 3.000 pessoas em mais de 5.000 mergulhos nas profundezas. É, até agora, o único veículo de submersão profunda nos EUA que pode transportar humanos até o oceano profundo.

Os pesquisadores enviaram o Alvin para estudar e conduzir pesquisas sobre fontes hidrotermais e placas tectónicas para descobrir a vida marinha – e explorar o RMS Titanic em 1986, depois que o cientista da Woods Hole Oceanographic Institution, Robert Ballard, encontrou o naufrágio. O submersível ajudou a Marinha a desenterrar uma bomba de hidrogénio da Segunda Guerra Mundial e levou cientistas ao fundo do mar localizado sob o derrame de óleo da Deepwater Horizon em 2010.

Cientistas apresentam propostas para reservar tempo para realizar pesquisas no Alvin. O submersível faz pelo menos 100 mergulhos por ano para explorar a vasta biodiversidade oceânica, a crosta do planeta e a vida que prospera em profundidades inalcançáveis.

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