20 de outubro de 2022

Como Onassis se tornou o homem mais rico do mundo

 

Onassis no seu escritório de Nova Iorque

Aristóteles Onassis foi, no século 20, um dos gregos mais famosos em todo o mundo, sendo considerado um dos maiores magnatas da navegação na história moderna. A sua riqueza foi conseguida de várias formas, mas foi o encerramento do Canal de Suez que o tornou “o homem mais rico do mundo”.

O magnata nasceu em 1906, no seio de uma família grega que vivia em Esmirna, na Turquia, e se dedicava ao comércio de tabaco. Onassis, com apenas dezasseis anos, e a sua família tiveram de fugir de casa, para a Grécia, em setembro de 1922, após a catástrofe de Esmirna[1]. Um ano depois, deixou Atenas, optando por fixar residência em Buenos Aires, na Argentina.

Depois de passar por todos os tipos de provações e ser forçado a viver na pobreza alguns anos, Onassis não hesitou em sonhar alto. Criou a sua própria marca de cigarros, introduzindo cigarros com pontas cor-de-rosa, voltados para o mercado feminino. Tendo sido exposto ao mundo do transporte, por razão do seu negócio de importação de tabaco, Onassis percebeu que poderia lucrar muito mais dinheiro se mudasse o seu modelo de negócios, estritamente, para o transporte marítimo.

Logo depois, fundou a sua primeira empresa de transporte e comércio, a “Astilleros Onassis”, mas a sua ambição por uma vasta fortuna apenas estava no início. Em 1932, em plena Grande Depressão, ele compra seis navios-tanque[2] de 10.000 toneladas da Canadian National Steamship Company. Os navios, atracados no rio São Lourenço, são resquícios da Primeira Guerra Mundial.


Constrói o primeiro superpetroleiro do mundo, de 46.000 tons

Em 1952, funda a Olympic Maritime e vislumbrou uma oportunidade brilhante nos estaleiros da Alemanha pós-guerra. Manda construir, em Hamburgo, em 1953, o primeiro superpetroleiro do mundo (com 46.000 toneladas), que batiza de Tina Onassis, em homenagem à sua primeira esposa.

Acordo Onassis com a Arábia Saudita

Em janeiro de 1954, Onassis assina um acordo com a Arábia Saudita, que causa rebuliço no mundo pela sua repercussão e importância global: a obtenção dos direitos exclusivos do transporte do petróleo daquele país. Sendo um negócio, potencialmente, lucrativo, ele adquiriu um grande número de navios-tanque, com o propósito expresso de transportar o precioso petróleo produzido pela Arábia Saudita.

Esse investimento acabou por se revelar, potencialmente, desastroso, porquanto o magnata grego foi impedido, pelos EUA, de transportar petróleo da Arábia Saudita.

As empresas norte-americanas, que tinham um acordo prévio com a Arábia Saudita, com direitos exclusivos de transporte do petróleo do país, ficaram indignadas com o acordo de Onassis, pelo que o governo dos EUA foi lesto a intervir. Resultado: o acordo com a Arábia Saudita transformou-se num desastre.

A renovação dos afretamentos dos navios de Onassis foi recusada, não sendo os seus navios autorizados a carregar petróleo quando chegaram ao porto da Arábia Saudita, anulando, dessa forma, o acordo entre o armador grego e o país da península arábica.

Este bloqueio aos navios de Onassis e com a sua frota parada no Mar Vermelho, levou a que a sua fortuna, ainda incipiente, se esgotasse rapidamente. O grego chegou a considerar vender a enorme frota, quando percebeu que não poderia pagar os empréstimos que havia contratado, inicialmente, para comprar os navios.

E eis que a sua sorte muda radicalmente! Quando Israel invadiu a Península do Sinai e a Faixa de Gaza em 1956[3], o Egito cortou, durante seis meses, o acesso ao Canal de Suez, uma das rotas comerciais mais importantes do mundo, forçando os navios a circum-navegar todo o continente africano, numa viagem consideravelmente mais longa. Este triplicar de tempo de viagem originou não haver navios-tanque suficientes para atender à procura global de transporte devido aos atrasos.

Felizmente, Onassis tinha uma enorme frota de navios que não estavam a ser utilizados, pelo que surgiram como a solução perfeita para uma necessidade global extra de navios-tanque.

Onassis transformou o que poderia ter sido a sua ruína numa oportunidade. Como a procura era tão elevada e os seus navios não estavam sob contrato, o magnata grego teve a possibilidade de definir “o seu preço” a quem os desejasse afretar, fazendo fortuna rápida. De acordo com os registos, Onassis poderá ter lucrado até dois milhões de dólares por cada viagem de navio-tanque, na época.

Quando o Canal de Suez reabriu seis meses depois, Onassis havia acumulado uma fortuna considerável. Só em 1957, ele ganhou setenta milhões de dólares, o equivalente a cerca de US$ 740 milhões se fosse hoje. Em apenas um ano, ele passou de afogado em dívidas a multimilionário.


Onassis, junto do seu iate pessoal Christina O.



[1] O Grande Incêndio de Esmirna ou Catástrofe de Esmirna destruiu grande parte da cidade portuária (que faz parte da atual Turquia) em setembro de 1922, na sequência da Guerra Greco-Turca de 1919/1922, também chamada de Guerra da Ásia Menor.

[2] Batizou o seu primeiro navio de “Kalliroi”, em homenagem à sua irmã. Outros dois levaram os nomes dos seus pais, o “Onassis - Penélope” e o “Onassis - Sócrates”.

[3] Período conhecido como a Crise do Suez.

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