Onassis
no seu escritório de Nova Iorque
Aristóteles Onassis foi, no
século 20, um dos gregos mais famosos em todo o mundo, sendo considerado um dos
maiores magnatas da navegação na história moderna. A sua riqueza foi conseguida
de várias formas, mas foi o encerramento do Canal de Suez que o tornou “o
homem mais rico do mundo”.
O magnata nasceu em 1906, no
seio de uma família grega que vivia em Esmirna, na Turquia, e se dedicava ao comércio
de tabaco. Onassis, com apenas dezasseis anos, e a sua família tiveram de fugir
de casa, para a Grécia, em setembro de 1922, após a catástrofe de Esmirna[1]. Um ano depois, deixou
Atenas, optando por fixar residência em Buenos Aires, na Argentina.
Depois de passar por todos os
tipos de provações e ser forçado a viver na pobreza alguns anos, Onassis não
hesitou em sonhar alto. Criou a sua própria marca de cigarros, introduzindo
cigarros com pontas cor-de-rosa, voltados para o mercado feminino. Tendo sido
exposto ao mundo do transporte, por razão do seu negócio de importação de
tabaco, Onassis percebeu que poderia lucrar muito mais dinheiro se mudasse o seu
modelo de negócios, estritamente, para o transporte marítimo.
Logo depois, fundou a sua primeira
empresa de transporte e comércio, a “Astilleros Onassis”, mas a sua ambição por
uma vasta fortuna apenas estava no início. Em 1932, em plena Grande Depressão,
ele compra seis navios-tanque[2] de 10.000 toneladas da
Canadian National Steamship Company. Os navios, atracados no rio São Lourenço,
são resquícios da Primeira Guerra Mundial.
Constrói
o primeiro superpetroleiro do mundo, de 46.000 tons
Em 1952, funda a Olympic
Maritime e vislumbrou uma oportunidade brilhante nos estaleiros da Alemanha
pós-guerra. Manda construir, em Hamburgo, em 1953, o primeiro superpetroleiro
do mundo (com 46.000 toneladas), que batiza de Tina Onassis, em homenagem à sua
primeira esposa.
Acordo Onassis com a Arábia
Saudita
Em janeiro de 1954, Onassis
assina um acordo com a Arábia Saudita, que causa rebuliço no mundo pela sua
repercussão e importância global: a obtenção dos direitos exclusivos do
transporte do petróleo daquele país. Sendo um negócio, potencialmente,
lucrativo, ele adquiriu um grande número de navios-tanque, com o propósito
expresso de transportar o precioso petróleo produzido pela Arábia Saudita.
Esse investimento acabou por
se revelar, potencialmente, desastroso, porquanto o magnata grego foi impedido,
pelos EUA, de transportar petróleo da Arábia Saudita.
As empresas norte-americanas,
que tinham um acordo prévio com a Arábia Saudita, com direitos exclusivos de
transporte do petróleo do país, ficaram indignadas com o acordo de Onassis, pelo
que o governo dos EUA foi lesto a intervir. Resultado: o acordo com a Arábia
Saudita transformou-se num desastre.
A renovação dos afretamentos
dos navios de Onassis foi recusada, não sendo os seus navios autorizados a
carregar petróleo quando chegaram ao porto da Arábia Saudita, anulando, dessa
forma, o acordo entre o armador grego e o país da península arábica.
Este bloqueio aos navios de
Onassis e com a sua frota parada no Mar Vermelho, levou a que a sua fortuna,
ainda incipiente, se esgotasse rapidamente. O grego chegou a considerar vender
a enorme frota, quando percebeu que não poderia pagar os empréstimos que havia
contratado, inicialmente, para comprar os navios.
E eis que a sua sorte muda radicalmente!
Quando Israel invadiu a Península do Sinai e a Faixa de Gaza em 1956[3], o Egito cortou, durante seis
meses, o acesso ao Canal de Suez, uma das rotas comerciais mais importantes do
mundo, forçando os navios a circum-navegar todo o continente africano, numa
viagem consideravelmente mais longa. Este triplicar de tempo de viagem originou
não haver navios-tanque suficientes para atender à procura global de transporte
devido aos atrasos.
Felizmente, Onassis tinha uma
enorme frota de navios que não estavam a ser utilizados, pelo que surgiram como
a solução perfeita para uma necessidade global extra de navios-tanque.
Onassis transformou o que
poderia ter sido a sua ruína numa oportunidade. Como a procura era tão elevada
e os seus navios não estavam sob contrato, o magnata grego teve a possibilidade
de definir “o seu preço” a quem os desejasse afretar, fazendo fortuna
rápida. De acordo com os registos, Onassis poderá ter lucrado até dois milhões
de dólares por cada viagem de navio-tanque, na época.
Quando o Canal de Suez reabriu
seis meses depois, Onassis havia acumulado uma fortuna considerável. Só em
1957, ele ganhou setenta milhões de dólares, o equivalente a cerca de US$ 740
milhões se fosse hoje. Em apenas um ano, ele passou de afogado em dívidas a
multimilionário.
Onassis,
junto do seu iate pessoal Christina O.
[1] O Grande Incêndio de Esmirna ou
Catástrofe de Esmirna destruiu grande parte da cidade portuária (que faz parte
da atual Turquia) em setembro de 1922, na sequência da Guerra Greco-Turca de
1919/1922, também chamada de Guerra da Ásia Menor.
[2] Batizou o seu primeiro navio de
“Kalliroi”, em homenagem à sua irmã. Outros dois levaram os nomes dos seus
pais, o “Onassis - Penélope” e o “Onassis - Sócrates”.
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