3 de março de 2020

"Capitão Coragem", reconheceram os passageiros do navio do coronavírus


Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras... A fotografia do capitão Arma a desembarcar do seu navio, o Diamond Princess, em Yokohama, no Japão, conquistou o coração e o reconhecimento de milhares de pessoas, acabando por ser considerado um 'herói' depois de ter sido a última pessoa a deixar o navio de cruzeiro.
Durante anos, o sector de cruzeiros tem vindo a ser associado a maus exemplos de comportamentos e éticas, distanciando essas práticas do romantismo cavalheiresco, eternamente associado aos marinheiros desde a era vitoriana. Embora a realidade nunca tenha sido coincidente com a narrativa cinematográfica, acidentes gravíssimos como o do “Sewol” e o do “Costa Concordia”, cujos capitães, por razões que só eles podem explicar, abandonaram os respectivos navios antes dos seus passageiros e tripulantes se encontrarem a salvo (e de outros acusados, noutros navios e noutros contextos, de comportamentos menos dignos), vieram “demolir” o estatuto ético e cavalheiresco do comandante escrupuloso e experiente “lobo-do-mar”.
Na verdade, o que se pede a um comandante é que lidere a expedição. Por outras palavras, que tenha fé na sua crença, seja apaixonado pela sua missão, tenha capacidade de fazer escolhas difíceis, com algum nível de auto-sacrifício. Tenha a capacidade de conquistar o respeito da sua tripulação, (re)conhecendo-lhe os pontos fortes e fracos, entendendo que as pessoas são a fonte do seu sucesso, tendo capacidade de as motivar e incentivar. O homem Gennaro Arma, capitão do navio de cruzeiro Diamond Princess, é um desses.
O capitão Gennaro Arma nasceu em Sorrento, Itália, e começou a trabalhar para a Princess Cruise Lines em 1998 como cadete. Subiu na hierarquia corporativa da empresa, tornando-se o capitão do Diamond Princess em 2018. É casado e vive na Itália com a esposa e o seu filho pequeno.
Há um mês, a maioria das pessoas não conhecia o capitão Gennaro Arma, a menos que tivesse trabalhado ou navegasse com ele. No entanto, com o propagar do Coronavírus e do medo que tomou conta de todos, o mundo pôs os olhos no Diamond Princess, quando este foi obrigado a ficar em quarentena.
Nessa mesma altura, começou a ser dada atenção ao jovem capitão que conseguiu evitar o descontrolo e o pânico geral a bordo, mantendo o espírito da tripulação e dos hóspedes (passageiros) o mais elevado possível, naquelas circunstâncias limite. Além disso, manteve as recomendações de quarentena, sem qualquer treino e apoio médico, a todos os que estavam confinados a bordo e, ao mesmo tempo, manteve a descrição e humildade, pelo que o seu nome se tornou um feito que valerá a pena, não só, mencionar, como, celebrar.
Esse reconhecimento é público e surge nos twits, postagens no Facebook e vídeos espontâneos compartilhados sobre ele pelos passageiros do navio, em alguns dos quais se pode ler:
"Uma razão pela qual não ocorreu pânico entre os passageiros foi a liderança do capitão" – hóspede.
Durante o período de quarentena do Diamond Princess, o mundo celebrou o Dia dos Namorados, abraçando os seus amados e com jantares românticos. O capitão Arma colocou o seu dever mais alto, uma vez mais, e lembrou a importância da fé e do amor enviando às pessoas que se encontravam a bordo chocolates em forma de coração, com uma citação da Bíblia sobre o amor, que afirma:
"O amor suporta todas as coisas, acredita em todas as coisas, espera todas as coisas, suporta todas as coisas."
Por estas atitudes, podemos ver a empatia e a capacidade de comando que muitos a bordo daquele navio reconheceram no Capitão Gennaro Arma.
Numa declaração à Newsweek, um porta-voz da Princess Cruises acrescentou: "Agradecemos ao capitão Arma e aos seus oficiais seniores pela sua liderança e, em simultâneo, ao excepcional serviço prestado pela nossa tripulação a bordo.”
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