9 de janeiro de 2023

Algumas taxas de frete marítimo estão em colapso

Os preços no segmento mais volátil do transporte marítimo estão a cair, mas as grandes distribuidoras como a Walmart e Home Depot não devem esperar alívio até à temporada de renegociação de contratos na primavera, disseram especialistas do setor.

As taxas à vista, que cobrem de 10% a 40% dos embarques de contentores marítimos e são consideradas um indicador-chave da saúde do setor, estão em queda livre à medida que a recessão se aproxima e a bolha de importação dos EUA, alimentada pela pandemia, esvazia.

O custo para enviar um contentor da Ásia para os Estados Unidos no mercado spot sensível à procura caiu mais de 80% em relação ao pico de setembro, acima dos US$ 20.000 por contentor de 40 pés, de acordo com a plataforma de reserva de frete Freightos.

As principais transportadoras, como a Mediterranean Shipping Co (MSC) e a A.P. Moller-Maersk (MAERSKb.CO), também esperam a entrega de dezenas de novos navios porta-contentores, o que aumenta o risco, pois as transportadoras já têm mais navios do que precisam para satisfazer uma procura cada vez menor.

“Há uma sensação de retorno ao mercado anterior, depois dos anos do COVID, durantes os quais as transportadoras tiveram controlo absoluto”, disse Peter Sand, analista-chefe da plataforma de benchmarking de taxas de frete aéreo e marítimo Xeneta.

No entanto, os principais clientes como Walmart (WMT.N), Home Depot (HD.N) e Amazon.com (AMZN.O) não ditarão, necessariamente, os termos durante as negociações contratuais que normalmente acontecem por volta de maio, disseram especialistas.

Isso ocorre em parte porque os transportadores que movimentam milhares de contentores todos os anos pretendem preços previsíveis.

Os grandes transportadores "entram na sua temporada de compras... querendo saber quanto vai custar o seu frete. Eles não estão interessados em jogar no mercado de ocasião (spot)" comprando por taxas mais baixas, disse o especialista em transporte marítimo John McCown.

Ao mesmo tempo, a Maersk e outras transportadoras disseram aos investidores que continuariam a aumentar as tarifas cancelando viagens para atender à procura cada vez menor. Estão, ainda, a descartar pequenos e velhos "navios enferrujados" para reduzir a capacidade.

Isso significa que os compradores sofrerão com preços mais altos um pouco mais tempo, disseram os especialistas.

"O consumidor americano não deve esperar que isso leve a um grande alívio de preços. Isso simplesmente não vai acontecer", disse Jason Miller, professor associado de gestão da cadeia de abastecmentos da Michigan State University.

As transportadoras aumentaram as tarifas e obtiveram lucros recordes durante o tempo de pandemia devido a um aumento na procura por serviços de transporte. Muitas transportadoras deram prioridade a cargas com taxas spot mais altas e despacharam contentores de navios com overbooking, levando a um aumento no uso do mercado spot.

No entanto, essa tendência começou a mudar no final do ano passado devido à queda na importação de bens de retalho, como móveis, eletrodomésticos e vestuário.

O executivo-chefe da empresa de transporte de contentores Ocean Network Express, Jeremy Nixon, disse em dezembro que as taxas spot de curto prazo estavam "a chegar ao fundo do poço".

Enquanto isso, as taxas dos contratos de longo prazo terminaram 2022 cerca de 20% abaixo das verificadas no pico pandémico, de mais de US$ 8.000 por contentor, de acordo com a consultora marítima Drewry, que espera que as taxas dos contratos caiam pela metade em 2023. Essa previsão colocaria as taxas em cerca de US$ 3.200, acima da taxa pré-pandémica de cerca de US$ 1.500.

Vários fatores podem apoiar as taxas de contrato de longo prazo, incluindo a turbulência do surto de COVID na China, guerra na Ucrânia e altos custos laborais.

Steve Schult, vice-presidente da cooperativa de cultivo de amêndoas Blue Diamond Growers, aposta que as taxas de contrato não voltarão aos níveis pré-COVID.

"É como a inflação", disse ele. "Nunca, na realidade, completa todo o caminho de volta para baixo."

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