Foi há mais de dois meses que o Reino Unido votou pela saída
da União Europeia, mas as ondas de choque estão longe de se desvanecer –
especialmente, no que diz respeito ao impacto sobre as cadeias de fornecimento
globais.
A vitória do Brexit levantou uma série de perguntas cujas
respostas irão demorar, bastante, a chegar. Uma das questões é como a economia
do R.U. irá funcionar de forma autónoma, completamente separada da concertada
na U. E. Será que a perda de privilégios de livre comércio será figurativa, ou
literal? Será que os fabricantes e distribuidores irão fugir da Inglaterra,
País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte para locais mais baratos e mais
acessíveis no continente? Irá o Brexit reacender as reivindicações pela
independência escocesa, levando ao desmantelamento final do R.U.?
Todas estas questões são de âmbito geral, mas outras
prometem ter um impacto mais directo e íntimo no mercado. Particular atenção
será colocada sobre a forma como as empresas terão de alterar as suas cadeias
de fornecimento para reflectir o corte dos laços económicos e comerciais entre
a U.K. e a U. E.
Algumas dessas acções precisam de ser tomadas imediatamente.
A principal delas é olhar seriamente para o universo de fornecedores, em
especial aqueles que se situam a montante da cadeia. Muitas empresas apenas são
conhecidas dos elos de 1º nível, que até agora geria a conectividade com os
níveis anteriores. À luz das incertezas desencadeadas pelo Brexit, esta brecha
pode custar caro. O momento para o corrigir é agora.
Os peritos vêm afirmando que as empresas do Reino Unido
precisam de classificar com prioridades os seus fornecedores essenciais, na
Europa, respondendo com critério às seguintes perguntas:
- Será que os seus fornecedores actualmente baseados no R.U. irão permanecer ou mudar?
- Que processos terão de ser adoptados pelos seus fornecedores para garantir uma transição bem-sucedida?
- Será que os seus fornecedores têm os meios financeiros adequados para fazer a transição necessária com êxito?
- Acredita na condição de saúde e viabilidade financeira dos seus fornecedores?
- Quanto tempo irão eles demorar a fazer a transição? Meses, ou potencialmente anos?
- Qual será o custo de transição, em termos de impostos adicionais, tarifas e importações?
É claro que as respostas não são susceptíveis de resposta
evidente de forma imediata. Dependem, em grande parte, das negociações a
encetar pelos governos do R.U. e os seus homólogos da E.U. Mas as empresas
podem, para já e pelo menos, avaliar o impacto da Brexit, na natureza das suas
próprias bases de abastecimento.
Da mesma forma, é uma incógnita, neste momento, como se irá
a economia europeia adaptar. Provavelmente, surgirá um impulso no mercado
imobiliário continental, em resultado de fornecedores e fabricantes da R.U.
procurarem localizações alternativas mais próximas dos compradores e mercados
finais. Além disso, poderia haver uma deslocação em larga escala de pessoas e
de recursos físicos.
Existem diversas localizações para onde poderiam ir. A
República da Irlanda, que permanece na U.E., é uma escolha óbvia, dada a
proximidade imediata à Grã-Bretanha. Os países do Benelux – Bélgica, Holanda e
Luxemburgo – têm uma longa história de servir como um eixo de distribuição de
grande parte da Europa. E as nações da Europa Oriental oferecem a atracção de
preços de mão-de-obra e de terreno relativamente baixos. Em qualquer caso,
acredita-se, que as empresas tenderão a abrir centros de distribuição
adicionais para compensar quaisquer desvantagens logísticas decorrentes do estatuto
de “sozinho” do R.U.
Mas existem outros membros da U.E. que reclamam a saída. Há
movimentos políticos nascentes dentro de vários países que podem fazer
exactamente o mesmo, forçar a saída. O mais provável é que eles irão
acompanhar, de perto, o impacto do Brexit do Reino Unido, procurando aprender
com o exemplo.
Independentemente de como se irá desenrolar o futuro
do Brexit, este já é uma realidade. Complacência e inacção serão uma opção
inaceitável. Esperar, para ver, poderá levar ao ser tarde demais.Ler artigo completo
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