5 de novembro de 2021

Falta de apoio estatal em I&D ameaça a descarbonização marítima

A falta de investimento no desenvolvimento de tecnologias verdes é a maior ameaça para se poder atingir as metas de descarbonização, segundo os líderes da indústria afirnaram durante uma das maiores reuniões de executivos de navegação e estados marítimos na COP26.

Em concreto, os principais participantes, que representam 80% do transporte marítimo global, irão reunir com os ministros na conferência, com o tema “Moldar o futuro do transporte marítimo”, a 6 de novembro em Glasgow.

De acordo com o ICS, os participantes identificarão formas de aumentar os investimentos em I&D (Investigação e Desenvolvimento) e irão dar a conhecer uma série de projetos, já em andamento, para reduzir as emissões do transporte marítimo internacional, que atualmente é responsável por cerca de 3% das emissões globais.

A indústria destacará as descobertas da Agência Internacional de Energia, que mostram que, sob os atuais cenários políticos, os combustíveis com baixo, ou zero, teor de carbono representarão menos de 3% do consumo total de energia do transporte marítimo até 2030 e cerca de um terço até 2050. Isso ficaria, significativamente, abaixo da meta de carbono zero líquido da indústria, em 2050.

Antes da conferência, Esben Poulsson, presidente do ICS, comentou:

"O caminho para o zero líquido de carbono, com o qual todos nos comprometemos, não é alcançável sem um aumento rápido e unificado nos gastos com I&D. Sabemos o que precisa ser feito, mas precisamos de uma solução global para uma indústria global, de forma a garantir que as economias em desenvolvimento não sejam deixadas para atrás."

Além disso, os CEOs presentes no evento apresentarão iniciativas, já em andamento, para reduzir a dependência de combustíveis com alto teor de carbono, mas sinalizarão preocupações sobre a falta de escalabilidade, dada a natureza fragmentada dos desenvolvimentos.

Para informar a discussão, a International Chamber of Shipping (ICS), juntamente com o consultor ambiental Ricardo, publicou “Um plano de emissões zero para o transporte marítimo”, identificando 265 exemplos de projetos que poderiam impulsionar a aceleração da inovação para descarbonizar o setor marítimo.

Na verdade, o relatório descreve as etapas urgentes que serão necessárias para transformar, por completo, a atual tecnologia de propulsão dominante no transporte marítimo e o cenário de combustíveis em menos de três décadas.

Conforme explicado, existem desafios de alto nível, pois a maioria dos navios em operação precisará ter de cumprir carbono zero em 2050. Além disso, podem ser necessárias reconfigurações fundamentais do navio, limitando futuras oportunidades de reequipamento.

O relatório identificou 120 desafios de alto nível relacionados à operação, segurança, objetivo das atuais e futuras emissões de gases de efeito estufa e vários outros aspetos, para cada uma das tecnologias cobertas.

   "Para cumprir as metas de emissões, milhares de navios de zero carbono precisarão estar a operar nos oceanos até 2030 e a maioria dos navios precisará ser carbono zero em 2050. No entanto, mais de 60% das reduções de emissões exigidas em 2050 virão de tecnologias que ainda não estão, comercialmente, disponíveis hoje", acrescentou a ICS.

Principais conclusões para a descarbonização do transporte marítimo

+ Para acelerar a mudança para combustíveis com zero carbono, várias tecnologias nascentes precisam ser desenvolvidas para alcançar a sua implementação em larga escala. Mudar para combustíveis alternativos, como hidrogénio, amónia, biocombustíveis e eletrificação de fontes renováveis, poderia cortar 80% das emissões do transporte marítimo.

+ O atual pipeline de soluções e projetos, embora bem-vindo, não é suficiente para assumir a mudança de paradigma nas tecnologias necessárias e na escala necessária para descarbonizar o transporte marítimo.

+ São necessários 5 mil milhões de USD para o avanço de tecnologias alternativas até ao estágio de implantação pré-comercial.

+ Há um número maior de projetos para hidrogénio e amónia, do que genéricos e elétricos.

+ É urgente (e necessário) I&D de motores e combustíveis alternativos para reduzir custos e melhorar o desempenho, bem como medidas para desenvolver a infraestrutura associada.

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