A indústria global de transporte marítimo sofrerá uma crise
de crédito se as novas regras de capital bancário forem implementadas num sector
já debilitado pela dívida tóxica, dizem os banqueiros.
O Comité de Supervisores Bancários (Comité de Basileia) de
quase 30 países reuniu-se no Chile no mês passado num esforço para completar as
novas regras para os credores nos principais centros financeiros do mundo. Neste
momento procede-se ao acerto dos detalhes.
Embora as regras não visem especificamente o transporte
marítimo, algumas das maiores exigências de requisitos no âmbito do regulamento
proposto, provavelmente, serão nos modelos que os bancos usam para decidir a quantidade
de capital deve ser reservado quando emprestam aos armadores.
Cerca de 90 por cento do comércio mundial é transportado por
via marítima, mas a indústria naval está enredada na sua pior crise alguma vez
registada, com o comércio internacional a contrair e as taxas de frete a caírem,
num mercado com excesso de navios.
Fontes conhecedoras das negociações confidenciaram que os
reguladores estavam a trabalhar para suavizar as propostas depois que a União Europeia
as ameaçou boicotar, por temer enormes exigências de capital de reserva na
concessão de crédito.
Apesar dos progressos nas negociações, que ainda precisam de
endosso, fontes bancárias dizem que a probabilidade de um considerável aumento
nos requisitos de capital continua sendo a principal preocupação.
A agência de rating
Moody's previu esta semana uma contracção nos embarques globais de mercadoria para
2017.
Os bancos alemães - que asseguram um quarto dos US $ 400 mil
milhões da dívida marítima pendente – estão a lutar para recuperar os seus
empréstimos. Outros credores europeus com portfólios relevantes no sector, temem
que as novas propostas os vão esmagar também.
Actualmente, os bancos europeus estão a tentar reduzir a sua
exposição no sector, tendo o Banco Central Europeu lançado uma revisão dos
empréstimos aos bancos do sector marítimo, o que já havia levantado
preocupações entre os credores, que poderão ser obrigados a aumentar as suas reservas
de capital e fazer maiores provisões para perdas.
As novas regras irão aumentar, ainda mais, a pressão
sobre os bancos com grande exposição à navegação e que têm empréstimos
improdutivos, segundo fontes financeiras. O Deutsche Bank e os rivais estatais
HSH Nordbank e NordLB estão entre os bancos alemães com alguns dos maiores
portfólios problemáticos no sector.Artigo original
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